interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Thursday, June 30, 2005

Ironia da História

.
.
Miércoles 29 de junio, 2005
Petroleras extranjeras comienzan a pagar nuevos impuestos(AméricaEconomía.com)

.
.
Incrível. Não bastando a taxa anterior de mais de 30% sobre a atividade mineradora, outras taxações adicionais levaram a um aumento da tributação em 106%!
Se olharmos para trás, os bolivianos estão aplicando em seu país, o mesmo tipo de 'nacionalismo' que embasou (e ainda embasa) uma Petrobras. Por uma dessas ironias da história, o mesmo princípio protecionista é hoje aplicado contra a estatal brasileira.
Toma...

Wednesday, June 29, 2005

Energia nos EUA e oportunidades para o Brasil 2

.
Eu acabei de publicar a mensagem abaixo, eis que vejo a seguinte notícia divulgada pela BBC Brasil:
.
.
BBC BRASIL, 28 de junho, 2005 - 20h01 GMT (17h01 Brasília)
Denize Bacoccina de Washington
Senado dos EUA aprova lei de incentivo ao álcool

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira um projeto de lei que incentiva o uso de combustíveis renováveis para diminuir a dependência americana do petróleo importado.
Mas, ao contrário do que esperava o governo brasileiro, que tenta vender álcool combustível ao país, o projeto prevê incentivos para o aumento da produção de álcool de milho.
O consultor Joel Velasco, da empresa de consultoria americana Stonebridge International, diz que o único ponto positivo para o Brasil na nova lei é que ela pode levar ao desenvolvimento de um mercado para o etanol que pode, no futuro, abrir as portas para importações brasileiras.
“Mas isso somente se o mercado americano não conseguir atender à demanda que se crie com os incentivos para combustíveis renováveis”, afirma.
Por enquanto, a lei aprovada pelo Senado atende aos interesses dos produtores americanos, já beneficiados por um subsídio de US$ 0,51 por galão (3,78 litros), o que torna o produto importado economicamente inviável.
Subsídios
O projeto aprovado no Senado mantém o subsídio e dobra a produção de álcool de milho para 8 bilhões de galões por ano em 2012.
Sem a sobretaxa, o produto brasileiro seria competitivo, já que os custos de produção são menores. Vários Estados americanos produzem álcool de milho, principalmente no Meio Oeste.
Além do subsídio, a importação de álcool enfrentaria problemas de armazenamento, diz Velasco, já que para não ficar dependente da entressafra brasileira o governo americano teria que construir depósitos gigantescos para armazenar uma reserva estratégica.
“Esta estrutura já existe para gasolina e outros derivados de petróleo, mas não para álcool”, diz ele.

A produção atual de álcool de milho nos Estados Unidos, de 4 bilhões de galões este ano, representa cerca de 3% do volume de gasolina consumido no país. O projeto prevê dobrar o volume de álcool misturado na gasolina para reduzir a dependência do petróleo importado e diminuir a poluição.
De acordo com o presidente da Comissão de Energia do Senado, senador Pete Domenici, a mudança deve permitir que o consumo de petróleo caia um milhão de barris por dia até 2015.
Alternativa
“Faz sentido promover o etanol como uma alternativa ao petróleo importado”, defendeu o presidente George W. Bush há duas semanas, pedindo a aprovação da lei pelo Senado.
Nesta terça, ele elogiou a decisão. “Eu aplaudo o Senado por trabalhar de uma maneira bipartidária para aprovar uma lei de energia consistente com a que eu propus em 2001”, disse o presidente.
O projeto contou com apoio de Republicanos e Democratas e teve 85 votos a favor e 12 contra. O custo será de US$ 18 bilhões entre investimentos e incentivos fiscais.
Os dois partidos não conseguiram chegar a um acordo nos quatro anos em que o projeto ficou no Congresso no primeiro mandato de Bush.
Recentemente, o presidente relançou a lei e vinha falando muito em seus discursos da necessidade de aprová-la para garantir as fontes de energia no país nas próximas décadas, especialmente com o preço recorde do barril de petróleo, que nesta semana ultrapassou os US$ 60.
Primeiro passo
A lei trata não apenas de combustíveis mas também de energia elétrica e outras fontes.
Mas a aprovação pelo Senado é apenas o primeiro passo. O projeto precisa ser compatibilizado com um outro, aprovado pela Câmara dos Representantes em abril, para que uma terceira versão seja então aprovada pelas duas casas.
O presidente disse que espera que este trabalho seja concluído e que ele possa assinar a lei antes do recesso de agosto.
O projeto aprovado pela Câmara prevê o uso de 5 bilhões de galões de etanol até 2012, um aumento de apenas 20% em relação ao volume atual.

Energia: óleo de mamona

.
.
Por outro lado, inovações como o uso de óleo de mamona adicionado ao diesel podem dar com os burros n'água. Não dá para se pensar num projeto desses sem se levar em consideração sua viabilidade no mercado.

...

Combustíveis

Menor competitividade em relação a "concorrentes" como a soja restringe uso da oleaginosa

Mamona para biodiesel perde o brilho

Cibelle Bouças De São Paulo Valor Econômico - 29/06/2005 - edicão nº 1291


Foto: Leo Pinheiro/ValorKazuo Amemya, da Petrobras, observa que demanda das indústrias farmacêuticas por mamona concorre com biodiesel


Definida pelo governo federal como prioridade no Programa Nacional de Biodiesel por seu potencial de expansão e sua capacidade de geração de empregos, a mamona perdeu o brilho inicial no projeto e sua utilização começa a ser reavaliada. Indústrias que aderiram ao programa questionam a competitividade da matéria-prima em relação a outras culturas como girassol e soja. E o próprio governo, diante dos mesmos questionamentos, decidiu restringir geograficamente a importância da mamona para o programa.Na revisão do projeto, em dezembro de 2004, o governo já incentivou a regionalização do mercado de biodiesel - com a produção da mamona concentrada no Nordeste, a de óleo de palma no Norte e a de soja no Centro-Sul. "A mamona é vista como parte importante do projeto, mas não como cultura prioritária ou exclusiva no programa", esclarece Arnoldo de Campos, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário na Comissão Executiva Interministerial e no Grupo Gestor do Biodiesel.Segundo ele, a expansão do plantio da mamona dependerá de políticas econômicas capazes de atrair investimentos e tornar viável a produção da oleaginosa até 2008, quando a mistura de biodiesel no diesel passará a ser obrigatória no país. Pelos cálculos do governo, a mistura de 2% no diesel, que será obrigatória entre 2008 e 2012, demandará produção de 1 bilhão de litros de biodiesel por ano. A partir de 2013 o índice de mistura crescerá para 5%, exigindo uma oferta de 2,4 bilhões de litros por ano.Estudo do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE) apontou que, para atender à demanda de biodiesel do Nordeste (estimada em 300 milhões de litros por ano) o plantio de mamona precisa crescer 180% até 2008, enquanto a produção de soja terá que aumentar 5% no período para atender à demanda do Centro-Sul. "Além da necessidade de expandir o plantio, é preciso avaliar que o custo do biodiesel de mamona é 50% mais caro que o diesel, enquanto o de soja é 10% mais caro", calcula Rafael Schechtman, diretor do CBIE.Levantamento da Conab apontou que o biodiesel produzido a partir da mamona custaria hoje R$ 1,4623 por litro, ante R$ 1,3537 do biodiesel de girassol e R$ 1,03 do diesel comum. A pedido do governo, a Conab já avalia a competitividade de outras sete culturas para biodiesel - algodão, amendoim, canola, milho, nabo forrageiro, palma e soja. Segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o preço do biodiesel de soja seria hoje de R$ 1,31 por litro."O governo discute a mamona como projeto de inclusão social, mas quando a mistura do biodiesel for obrigatória as diferenças de custo serão relevantes e o biodiesel de soja vai acabar liderando o mercado", acredita Martha Helena de Macêdo, analista da Conab. Ela observa, ainda, que existem problemas logísticos a serem superados.Paulo Kazuo Amemya, gerente executivo de desenvolvimento energético da Petrobras, diz que outro fator que tira a competitividade da mamona é a falta de uso para "torta" - farelo que sobra do esmagamento e que corresponde a 60% da oleaginosa. Por ser tóxica, a "torta" não pode ser usada em ração animal, como ocorre com o farelo de soja. A estatal está investindo cerca de R$ 5 milhões em pesquisas para descobrir novos usos para a "torta" de mamona para elevar a lucratividade do negócio.Mais um entrave apontado por Amemya é a escassez de mamona e a concorrência que o biodiesel sofrerá do mercado de óleos para a indústria farmacêutica, que paga em torno de R$ 1 mil por tonelada de óleo de mamona, ante R$ 256 no caso do óleo de soja, segundo a Conab. A Petrobras foi vítima dessa concorrência no início do ano, quando os produtores da Cooperativa de Energia e Desenvolvimento Rural do Seridó (Cersel), do Rio Grande do Norte, que firmaram convênio para entregar a produção de 3 mil hectares, venderam a oferta de 1,5 mil toneladas para empresas da Bahia. Segundo a Cersel, a "quebra do acordo" aconteceu porque as empresas baianas pagaram bem e à vista."O óleo de mamona tem alto valor agregado e é um contra-senso usá-lo como combustível", diz Amemya. Segundo ele, a Petrobras já estuda a adoção de matérias-primas como algodão e soja e negocia parcerias para alavancar a produção de mamona. A Petrobras testa uma fábrica de biodiesel de mamona em Guamaré (RN), que absorveu R$ 14 milhões e produz 400 litros por dia - volume que passará a 7,2 mil litros em julho. A estatal também assinou protocolo com o governo mineiro para avaliar a implantação de uma unidade no Vale do Jequitinhonha.Arnoldo de Campos, do Ministério de Desenvolvimento Agrário, diz que o governo federal avalia um novo pacote de incentivos para estimular a produção da mamona. Hoje, a empresa que produz biodiesel a partir da mamona do Nordeste recebe benefício fiscal de R$ 218 por milhão de litros. Se for produção de outras regiões, o benefício é de R$ 152,60. O Ministério também lançou no dia 6 uma linha do Pronaf de R$ 100 milhões para incentivar 38 mil famílias a plantar mamona no Nordeste. O programa já atende 17 mil famílias que plantam, além da mamona, palma, girassol e soja....

Energia nos EUA e oportunidades para o Brasil

.
.
Estimular o uso do etanol para conter o preço dos combustíveis poderia ser muito bom para o Brasil. No entanto, não creio que tenhamos a capacidade de produção e exportação necessárias no momento. Além do mais, eles estão iniciando a produção do álcool a partir do milho.

Quem foi contra as possibilidades do álcool combustível no passado não imaginou como isto poderia ser vantajoso no futuro.

Mas, ainda há tempo.

.
.

Petróleo caroSenado aprova lei que dá incentivos a energias alternativas e a maior eficiência
EUA buscam opções energéticas
Tatiana Bautzer De Washington Valor Econômico - 29/06/2005 - edicão nº 1291

O preço do petróleo em torno de US$ 60 incentivou o Congresso americano a tentar um acordo para aprovar nova legislação sobre energia, que trás incentivos ao uso de energia renovável. A grande divisão entre os diversos setores envolvidos impediu a aprovação dessa lei nos últimos anos. Mas a grande dependência dos EUA do petróleo importado, a instabilidade de países exportadores (especialmente Oriente Médio e Venezuela) e a escalada dos preços estão forçando um acordo sobre o assunto.
Ainda há diferenças em relação ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados, mas os dois projetos têm em comum mais incentivos para produção de energia sem uso do petróleo (são créditos fiscais para produção de etanol e incentivos às montadoras para maior oferta de veículos híbridos).
A Câmara exige que as refinarias produzam 5 milhões de galões de combustíveis com fontes renováveis (principalmente etanol derivado do milho), e o projeto do Senado fala em 8 milhões de galões anuais. Também há incentivo para projetos de usinas termoelétricas com base em carvão, mas com uso de tecnologia de gaseificação para reduzir a poluição. O Senado aprovou o projeto por 85 votos a 12.
As principais diferenças entre os dois projetos de lei são relativas à exploração de petróleo em reservas ambientais no Alasca (a Câmara é favorável) e à proteção contra ações judiciais para fabricantes de um aditivo para gasolina que pode contaminar o ambiente. Grupos ambientais dizem que o produto MTBE contaminou fontes de água potável no país.
O Senado acabou aceitando a postura da Câmara em relação a limites de emissão de poluentes. Os dois projetos determinam que haja uma redução voluntária de emissões e não obrigatória. Os EUA não aderiram ao protocolo de Kyoto para redução de emissões por considerar que as medidas aumentariam os custos para empresas e poderiam prejudicar a atividade econômica. O presidente George Bush já pediu várias vezes ao Congresso que envie uma lei para sanção até agosto, e o líder do governo no Senado, Bill Frist, disse ontem que o projeto é "um passo à frente na política energética nacional".
As dificuldades na ocupação do Iraque e a crescente demanda por petróleo na China e na Índia têm mantido os preços em alta há mais de três anos. Recentemente, Bush disse que será necessário voltar a investir em energia nuclear, o que os EUA têm evitado desde meados dos anos 70. O projeto de lei cria créditos fiscais para energia produzida por fonte nuclear, com teto de US$ 125 milhões nos próximos 8 anos, e permite empréstimos para financiamento de novos projetos.
A relutância dos EUA em estimular o uso de energias alternativas nas últimas décadas está resultando, ironicamente, em problemas para as próprias companhias americanas. A Ford e a General Motors, por exemplo, vêm perdendo mercado de veículos nos últimos anos por concentrar sua produção em grandes caminhonetes com alto consumo de gasolina. Embora esse tipo de carro faça sucesso entre os consumidores, a escalada do preço da gasolina está estimulando a procura por veículos com menor consumo e maior eficiência.
Os EUA viram com surpresa a formação de listas de espera de consumidores para dois modelos de carros com alimentação híbrida, o Prius (híbrido de energia elétrica e gasolina), da Toyota, e o Escape, da Ford. Os EUA ainda não têm carros com motor "flex power" como no Brasil, nos quais o uso de gasolina é alternado com o de etanol. Mas a perspectiva é que o uso desse produto cresça, inicialmente em misturas com a gasolina.

.
.
.

Tuesday, June 28, 2005

Discriminação contra castores!

.
.
Ecologistas não são cientistas; são ativistas políticos com suas próprias agendas de interesses pecuniários, a busca do poder para propósitos nem sempre defensáveis ou confessáveis. Ouvi recentemente, com espanto, a entrevista de representante do movimento Friends of Earth, que condenava com veemência o desmatamento da floresta Amazônica para plantar soja. Ora, seria péssimo negócio derrubar floresta para este fim; o clima da planície amazônica é por demais quente e úmido para cultura de grãos, seu solo não suporta tal atividade, e as pragas são hostis à soja. O tal ecologista talvez ignore em que continente fica o rio Amazonas, mas certamente desconhecia a lavoura sobre o qual estava a falar. Em outra manifestação ecologistas denunciaram a pavimentação de duas rodovias, essenciais ao escoamento de safras produzidas em terras de cerrado do planalto de Mato Grosso do Norte e a construção de um gasoduto para aproveitar reservas de gás natural no oeste da bacia amazônica. São campanhas tão nocivas à coletividade que é hora de investigar, a nível policial ou parlamentar, as possíveis ligações de tais entidades não governamentais com o crime organizado.
Campanhas ecológicas estão a pestear o ambiente como epidemia de amplitude global. Há trinta anos um americano tinha razoável expectativa de ficar fora da cadeia se pautasse sua vida segundo os dez mandamentos. Hoje nem tanto; até a Madre Teresa de Calcutá correria o risco de condenação por crime contra o meio ambiente; sua cidade carece de condições sanitárias. Nos Estados Unidos, neste período, a fúria legiferante sobre o tema trouxe aumento de 50% no número de crimes puníveis com pena de prisão. Os despropósitos estão a enriquecer o anedotário. Um amigo meu esperou por quase ano pelas formalidades que autorizavam o início de funcionamento de sua firma editora, instalada num canto de seu escritório profissional. Boa parte desta demora passou-se à espera de pronunciamento das autoridades de meio ambiente; após longa deliberação seu douto parecer declarou que firma com o acervo de mesa, cadeira e computador não ofereceria risco à cidade de Curitiba. O que segue é uma intimação recentemente enviada pelo Departamento de Qualidade Ambiental, do Estado de Michigan, a um homem chamado Ryan DeVries. A resposta do cidadão é gaiata, mas é preciso ler a carta do órgão público para saborear a resposta.
Prezado Sr. DeVries: Chegou ao conhecimento do Departamento de Qualidade Ambiental que houve recente atividade não autorizada na propriedade supracitada. Foi apurado que V.Sa. é o proprietário legal e/ou construtor responsável pela seguinte obra não autorizada: Construção e manutenção de duas represas com entulho de madeira no sangradouro da Lagoa Spring. É exigida licença prévia para iniciar obra deste tipo. Exame dos arquivos do Departamento mostram que nenhuma licença para tanto foi emitida. O Departamento conclui que esta obra viola o disposto no Artigo 301, Lagos Interiores e Riachos, da Lei 451 de Recursos Naturais e Proteção Ambiental, Atos Públicos de 1994 Seções 324.30101 a 324.30113 publicados no Diário Oficial de Michigan. O Departamento foi informado de que uma ou ambas represas romperam durante recentes chuvas, causando danos e inundação à jusante das localizações. Achamos que represas desta natureza são inerentemente perigosas e sua construção não deve ser permitida. O Departamento então ordena que V.Sa. cesse e desista de todas as obras nesta localização, e restabeleça o fluxo de águas à condição livre removendo toda a madeira e entulho que formam as represas. Todo o trabalho de restauração deverá ser completado o mais tardar até 31 de janeiro de 2003. V.Sa. deverá notificar este órgão quando a restauração foi completada para que uma vistoria do local possa ser programada por nosso pessoal. A falta de atendimento a este pedido ou qualquer atividade adicional no local, sem autorização, obrigará encaminhamento deste caso à ação em instância superior. Apreciaremos sua cooperação plena neste assunto. Sinta-se à vontade para me contactar neste escritório se tiver qualquer dúvida a esclarecer. Sinceramente, David L. Price
Prezado Sr. Price, Acuso recebimento de sua carta registrada, com data de 17 de dezembro de 2002. Sou o proprietário do terreno mas não o construtor das obras em 2088 Dagget, Pierson, Michigan. Sem autorização do governo, um casal de castores está a construir e manter duas represas de “entulho de madeira" no sangradouro de minha Lagoa Spring. Porquanto não tenha pago, autorizado, nem supervisionado as obras de represa, penso que os castores ficariam muito ofendidos ao ouvir seu uso hábil de materiais da natureza designado como entulho. Desafio seu departamento a tentar emular seu projeto de represa a qualquer tempo ou em qualquer lugar de sua escolha. Posso seguramente dizer que de nenhum modo V.Sas. poderão igualá-los em sua habilidade em construção, em sua desenvoltura, engenhosidade, persistência, determinação e dedicação ao trabalho. Sobre seu pedido, não penso que os castores estejam cientes do imperativo de requerer licença antes de iniciar obra de represa. Minha perguntas são:
(2) Se V.Sas. têm exigido que todos os castores deste Estado façam requerimento de autorização de obra de represa. Se V.Sas. não estiverem discriminando contra estes castores em particular peço, nos termos da Lei de Liberdade de Informação, cópias completas de todas essas outras licenças de represas de castor já emitidas. Talvez apuraremos se realmente há violação do Artigo 301, Lagos Interiores e Riachos, da Lei 451 de Recursos Naturais e Proteção Ambiental, dos Atos Públicos de 1994 Seções 324.30101 a 324.30113 do Diário Oficial de Michigan. Tenho várias indagações a fazer. A primeira é se castores têm direito a assistência jurídica. Os castores da Lagoa Spring são indigentes e impossibilitados de pagar por tal representação, assim o Estado terá que lhes proporcionar um advogado de represa. A alegação do Departamento de que uma ou ambas represas ruíram durante recente chuva causando danos e inundação é prova de que esta é uma ocorrência natural que o Departamento tem obrigação de proteger. Em outras palavras, deveríamos deixar em paz os castores da Lagoa Spring , em lugar de os hostilizá-los e desmerecer suas represas. Se V.Sas. quiserem o curso d’água restabelecido à condição de livre fluxo comuniquem-se com os castores, e possivelmente prendê-los por não estarem atentos à sua intimação, de vez que não podem ler texto em inglês. Em minha humilde opinião, os castores da Lagoa Spring têm direito a construir represas sem autorização, enquanto o céu for azul, a grama for verde e a água fluir a jusante. Eles têm mais direito do que eu de viver e desfrutar a Lagoa Spring. Para fazer jus ao nome, o Departamento de Recursos Naturais e Proteção Ambiental deveria zelar pelos recursos naturais (castores) e pelo ambiente (represas de castores). Os castores e eu aguardamos a ação em instância superior. Por que esperar até 31 de dezembro de 2003? Até lá os castores de Lagoa Spring estarão sob o gelo da represa e de nenhum modo V.Sa. ou seu pessoal poderá contactar ou persegui-los. Para finalizar, eu gostaria de trazer à sua atenção um real problema ambiental (de saúde) na área. São os ursos! Os ursos estão a defecar em nossos bosques. Creio que V.Sas. deveriam estar perseguindo os ursos defecadores e deixar em paz os castores. Se V.Sas. quiserem vistoriar as represas de castor, devem olhar onde pisam. (Os ursos não escolhem onde defecam). Estando impossibilitado obedecer seu pedido, e de o contactar via seu sistema automático de atendimento de chamadas telefônicas, encaminho esta resposta a seu escritório.
.
.

Guerra ao Iraque

.
.
Há várias formas de se rejeitar uma idéia sobre política externa, no caso: pelos dados, pela metodologia empregada, mas a que não deve ser levada nem um pouco em consideração é a que se baseia na rejeição pura e simples de qualquer argumento, por que sempre há um plano maligno para nos dominar. Essa é a dos radicais que se acham superiores e tudo o que fazem é mentir, inclusive para si próprios.
Aqui temos um desses textos excelentes que escapou da maior atenção do público antes da 2a Guerra do Golfo.
Bem, o que se pode esperar de um público que deu mais atenção às fracas ironias de Michael Moore do que às aulas de matemática e o conhecimento geológico?
.
.

"Os EUA desfecharão a ação contra o Iraque por suas necessidades de segurança nacional."
EUA não visam ao petróleo do Iraque

Por John Tatom

Um dos grandes fossos ideológicos que parecem resistir a qualquer análise racional é a visão segundo a qual a determinação americana de derrubar Saddam Hussein vem do desejo de assumir controle do petróleo iraquiano. Essa é a visão predominante em grande parte da Europa e compartilhada em outras regiões do mundo, especialmente no Oriente Médio. Até mesmo o sábio Nelson Mandela acredita nisso. Essa visão não é, porém, dominante, ou mesmo muito discutida, nos EUA. A despeito do cisma, a não plausibilidade dessa percepção justifica pelo menos mais um esforço para dissipar o mito.
As reservas petrolíferas iraquianas são muito grandes. Estimadas em 112,5 bilhões de barris, elas estão menores apenas do que os 261,7 bilhões de barris da Arábia Saudita. Ao preço corrente de US$ 25 por barril (acima do preço de longo prazo do petróleo e bem acima até mesmo do preço atual do petróleo bruto iraquiano), essas reservas parecem, para alguns analistas, valer cerca de US$ 3,4 trilhões - indubitavelmente um ativo atraente.
Essa valoração contradiz o fato de que o Iraque tem uma das mais baixas relações entre produção anual e reservas no mundo. Para o Iraque, esse indicador é de apenas cerca de 0,8%, o mais baixo entre os 14 maiores países produtores de petróleo com exceção do Kuait, país que opera com o mesmo percentual. Esse nível de produção relativamente baixo não depende de uma escolha gerencial ou política que possa ser modificada. Assim como no Kuait, isso acontece por causa da geologia dos campos petrolíferos e da tecnologia disponível. A produção anual ao final de 2002 era de apenas cerca de 2,6 milhões de barris/dia. Com base em US$ 25 o barril, a receita anual produzida fica em torno de US$ 23 bilhões por ano.


Uma das lições do conflito Iraque-Kuait em 1990 é que é geralmente mais barato comprar petróleo do que tentar tomá-lo de outro país


Assumindo um custo de capital em torno de 10%, a receita atual do petróleo do Iraque valeria aproximadamente US$ 230 bilhões para os EUA. Um custo de produção ou substituição do petróleo iraquiano apenas da ordem de US$ 10 por barril reduziria o valor de mercado das reservas iraquianas para cerca de US$ 140 bilhões. As estimativas mais altas para o custo de uma guerra contra o regime de Saddam Hussein apontam para o mesmo montante.
Além disso, o custo estimado da guerra ignora as enormes somas necessárias para reconstruir o Iraque. Também não inclui o serviço da dívida do país, estimado como sendo tão grande quanto o valor das reservas petrolíferas. E também não leva em conta o fato de que a subdesenvolvida economia iraquiana continuará precária durante muitos anos. Em suma, provavelmente não haverá um bônus petrolífero à disposição do vencedor em uma conquista militar.
Alguns analistas acreditam que a produção petrolífera iraquiana pode ser aumentada substancialmente.
Não há dúvida de que a capacidade produtiva iraquiana poderia se beneficiar de um acesso facilitado aos mercados e a investimentos de capital. Mas desde 1970 o país produziu mais de 3 milhões de barris por dia apenas uma vez. Foi em 1979, num esforço para financiar a aventura de Saddam Hussein no Irã, quando a produção atingiu 3,5 milhões de barris/dia. Com alguma expansão de capacidade e investimentos na infraestrutura existente, é possível que o Iraque tenha condições de restabelecer a produção de 3 milhões de barris por dia. Um aumento de 20% ou mesmo 40% não seria suficiente para transformar uma guerra visando tomar o petróleo do Iraque num empreendimento viável do ponto vista econômico.
A atual receita petrolífera gera cerca de US$ 1.200 por pessoa por ano no Iraque. Isso equivale a 50% a 75% das recentes estimativas da renda iraquiana per capita. De uma perspectiva iraquiana, esse é um valor elevado. Mas levando em conta que a renda anual por cidadão americano está em torno de US$ 100, o ganho seria trivial para o americano médio. Apoderar-se de uma grande parcela da receita líquida reduziria substancialmente a já baixa renda per capita iraquiana. Esse não é um cenário plausível, quando tanto o objetivo do esforço militar como a expectativa mundial seria de construir um Iraque mais próspero e livre. Embora se possa facilmente imaginar alguma redistribuição produtiva dessa receita petrolífera, é difícil imaginar como qualquer parte dela, mesmo com um aumento substancial, poderia ser apropriada por uma ou mais nações conquistadoras.
Agora consideremos o valor das reservas petrolíferas (em vez da receita anual por elas gerada). Se o valor das reservas é estimado em US$ 140 bilhões, isso se traduz em apenas US$ 6 mil por iraquiano. Esse valor é muito menor do que os US$ 122.500 por pessoa calculados valorando cada barril de reservas a US$ 25. Embora US$ 6 mil seja a renda de um iraquiano médio durante alguns anos, o valor per capita para o americano médio seria de apenas aproximadamente US$ 500. Isso é menos do que a restituição do imposto de renda de 2001 criada por Bush e talvez menos do que o preço da guerra.
Uma das importantes lições do conflito Iraque-Kuait em 1990 é que é geralmente mais barato comprar petróleo do que tentar tomá-lo de outro país. Isso é tão verdadeiro hoje para os EUA quanto foi para o Iraque.
Os EUA têm justificativas muito melhores do que petróleo para lançar um renovado ataque militar contra o Iraque. Os termos do cessar-fogo original no Iraque não foram cumpridos. O custo da tentativa de contenção do Iraque tem se elevado ao longo do tempo. E o que é mais importante, a contenção revelou-se impossível, em face da facilidade com que o regime de Saddam Hussein tem driblado as inspeções de armas e a obrigação de descartar suas armas de destruição em massa.
São muitos os que na Europa acreditam que a postura dos EUA é moldada por um insaciável apetite por petróleo. Talvez isso reflita a dificuldade desses europeus de compreender que os americanos desfecharão a ação contra o Iraque em conformidade com suas necessidades de segurança nacional e depois de ponderar os custos e benefícios militares. Qualquer que seja a razão, eles estão errados. Os americanos produzirão ou comprarão seu petróleo como qualquer outro povo, independente do que acontecer no Iraque.

John Tatom é professor de economia na Universidade DePaul, em Chicago, e foi diretor de pesquisa de países do UBS em Zurique.

Valor Econômico. Sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003 - Ano 4 - Nº 699 - 1º Caderno