interceptor

Novas mensagens, análises etc. irão se concentrar a partir de agora em interceptor.
O presente blog, Geografia Conservadora servirá mais como arquivo e registro de rascunhos.
a.h

Thursday, October 30, 2008

Escassez de recursos





A água na Austrália

"Embora a infertilidade e a salinidade dos solos na Austrália fossem invisíveis aos primeiros agricultores e ainda hoje não sejam bem conhecidas pelo público leigo não australiano, os problemas de água são óbvios e familiares, e 'deserto' é a primeira associação que as pessoas de outras partes do mundo fazem para se referirem ao meio ambiente australiano. Esta reputação é justificável: uma fração desproporcionalmente grande da área da Austrália tem pouca chuva ou é um completo deserto onde a agricultura seria impossível sem irrigação. A maior parte da área da Austrália permanece imprestável para qualquer tipo de atividade agrícola ou pastoril. Contudo, nas áreas onde a produção de alimentos é possível, o padrão habitual é que a pluviosidade é mais intensa junto ao litoral, de modo que, à medida que se caminha terra adentro, primeiro se encontram terras de cultivo e metade do gado da Austrália mantido a altas taxas de lotação; mais para dentro, criação de ovelhas; ainda mais para dentro, criação de gado (a outra metade do gado da austrália, mantido a muito baixas taxas de lotação), porque é mais econômico criar bovinos do que ovinos em áreas com menos chuva; e finalmente, ainda mais pra dentro, o deserto, onde não há qualquer tipo de produção de alimento."

"Em muitas áreas da Austrália os primeiros agricultores e pecuaristas tiveram o azar de chegar durante uma série de anos úmidos. Portanto, se enganaram quanto ao clima australiano, e começaram a plantar e criar ovelhas na esperança de que essas condições favoráveis fossem a norma."

"Assim como mencionei no capítulo 1 a respeito de Montana, a mudança climática mundial está produzindo tanto vencedores como perdedores e a Austrália vai perder mais que Montana."

Jared Diamond. Colapso.

Montana é um estado dos EUA. Ele começa o livro mostrando como esse estado era fértil e possuía uma imensa floresta e que entrou em colapso.

Quanto ao futuro da Austrália ele não é muito otimista. O meio-ambiente australiano está se deteriorando.

- Um de meus missivistas

Meu caro,

Se a Austrália é um desses 'perdedores', então que se dirá do resto do mundo?

The concept of Water Stress


- Source: WaterGAP 2.0 - December 1999 - http://www.worldwatercouncil.org/index.php?id=25

Montana no ranking nacional

2º estado em número de 'ranchos' (fazendas);

8º em gado bovino;

6º na produção de carne bovina;

6º no gado ovino;

5º na reprodução de ovelhas;

5º na produção de lã;

5º na produção de mel;

3º no trigo;

8º no trigo de inverno;

3º no trigo de primavera;

3º na cevada;

7º na alfafa;

2º na linhaça;

3º na canola.

*Para outros dados: http://www.nass.usda.gov/Statistics_by_State/Montana/Publications/economic/mtrank.htm

Para entendermos a relevância destes dados temos que compará-los dentro da produção americana com o resto do mundo:

- 11% da produção mundial de trigo;

- 36,4% de milho;

- 7,1% de batata;

- 47,1% de soja;

- 15,2% de leite;

- 8,9% de manteiga;

- 21,7% de carne bovina;

- 9,7% de carne suína;

- 9,6% de açúcar de beterraba;

- e, at last but not least, 5% do pescado mundial.

PHILIP’S. Modern School Atlas. London: George Philip Limited, 1998, 92nd Edition.

...

Anselmo

O homem é Professor de Fisiologia da Escola de Medicina da UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles), Membro da Academia Americana de Artes e Ciências, da Academia Nacional de Ciências e Sociedade Filosófica Americana, recebeu bolsa de setudos da Fundação MasArthur e o Prêmio Burr, da National Geographic Socity, publicou mais de 200 artigos nas revistas Discover, National History, Nature e Geo. E ganhou o Prêmio Pulitzer pelo seu mais conhecido livro, Armas, Germes e Aço.

Não leve a mal, mas acho improcedente esse argumento de dizer que Diamond não é um pesquizador sério.

...

Sim, eu o continuo achando um bom escritor, mas um mau pesquisador.

Tuesday, October 28, 2008

Eixos viários e meio ambiente


A navegação no São Francisco não favoreceria apenas a economia. Mas, também a integração intra-nordestina. Um dos setores economicamente mais produtivos da região é o agronegócio. O barateamento do custo da infra-estrutura precisa beneficiar os produtores locais e, sobretudo, os consumidores que serão eternamente gratos.


E como estou longe de ser um ecologista xiita, não vejo problema que haja impacto ambiental contornável. O que entendo por isto é quando a natureza se recupera, i.e., mantendo sua biodiversidade para depois começar a aumentar populacionalmente novamente. É totalmente diferente construir no ecossistema da Caatinga do que acabar com ela. É totalmente diferente construir no rio e diminuir sua vazão em alguns metros cúbicos por segundo que acabar integralmente com o rio mudando seu curso.

Assim como a urgência em construir hidrovias, temos as ferrovias como outra necessidade. Um argumento recorrente é que estas levariam a perda de empregos no setor rodoviário de carga. Ferrovias podem não gerar tantos empregos como caminhões na sua condução, mas sem dúvida que estimulam o comércio regional ao ponto de gerar n-vezes mais empregos indiretos. E, ademais, os caminhões ainda são funcionais em distâncias menores e declives acentuados. Na verdade na verdade o bom mesmo não é uma modalidade de transporte, mas a inter-modalidade que combina diferentes tipos. P.ex.: ferrovia de Recife até Belém; hidrovia até os confins da Amazônia Ocidental e sopé andino; caminhão a partir daí até Quito.


Bem, não sou contra construir rodovias, mas realmente tenho que dar razão às críticas sobre a miopia do governo. Caso tivéssemos uma hidrovia ligando a Bacia do Prata (de Buenos Aires em diante) até Manaus passando pelo Pantanal teríamos um dos maiores desenvolvimentos que o Brasil e a América do Sul poderiam conhecer. Seria fantástico!

Monday, October 27, 2008

Geografia do voto

http://www.estadao.com.br/interatividade/Multimidia/ShowEspeciais!destaque.action?destaque.idEspeciais=811

Diagnóstico e cenários regionais da crise econômica




Agora toda atenção se volta para a crise econômica que será, possivelmente superada graças a uma reordenação dos investimentos nos EUA, a partir de fontes distintas. Na Ásia e Europa talvez não seja fácil sair imune da crise ou, ao menos, tão bem estruturado. Se a crise acabar antes do final do ano nos EUA pode ser que ainda perdure 2009 inteiro para os europeus. Por outro lado, os EUA lutam para manter a estabilidade do Iraque, beneficiados pela inabilidade iraniana de produzir o caos no país vizinho. A questão se volta para a costura de acordos entre curdos, sunitas e xiitas, mais que tudo. Como se isto já não fosse suficiente para conseguir uma bela dor de cabeça neste fim de mandato de G.W.B., a invasão russa na Geórgia traz elementos a mais de preocupação quando se sabe que o próximo alvo do Kremlin é a principal dissidente do bloco ex-soviético, Ucrânia.

A crise parece ter seu “lado bom” ao colocar o Iraque em segundo plano e a criação de governos regionais étnicos tem seguido em frente com um declínio do movimento de sabotagem político-militar iraniana por uma série de razões. Mas, as preocupações geopolíticas não dissipam, apenas se deslocam. E se deixam o cenário de tempestade de areia iraquiana se movem para uma blizzard ártico-siberiana galopando pelas estepes: direto do Kremlin para o Cáucaso. Quando um país se torna mal sucedido em tratar seus problemas econômicos, a mudança de foco para temas militares se torna solução recorrente e a Rússia não está bem preparada para os efeitos da crise econômica. Com reservas monetárias em torno de 700 bilhões de dólares apenas e projetos políticos para América Latina, Oriente Médio e África ainda dará muita dor de cabeça a Washington. Será uma prova de fogo para o próximo presidente, seja McCain com uma aposta no recrudescimento da velha Guerra Fria com uma Otan agressiva, seja Obama quando veremos a morte de um mito do ‘novo’ que “tudo pode ser diferente” ceder lugar para os velhos interesses de estado.

Apesar da crise de liquidez americana, a economia permanece forte. A intervenção estatal (que me perdoem os liberais) livrará no curto prazo os EUA de uma recessão. No seu sistema financeiro, até agora, apenas 13 bancos fecharam as portas. Já, o contágio europeu parece mais duro e as exportações asiáticas sofrem. Em primeiro lugar, por que o sistema bancário europeu não é tão saudável quanto o americano. Bancos austríacos, italianos e suecos ficaram muito dependentes da Europa Central, especialmente do sistema alemão em grau muito superior às práticas do subprime americano. O mesmo se pode dizer do sistema irlandês ou espanhol com seus subprimes. A Ásia, por sua vez, tem liquidez e está injetando direto nos EUA, auxiliando o Fed no combate à crise. Também não vemos problemas similares no mesmo grau na China ou Japão.

Se os EUA encaram uma recessão de curta duração e os europeus uma mais duradoura, o problema na Ásia é indireto, refere-se ao emprego afetado pela queda nas exportações. Deveriam se preocupar mais com a eleição de Barack Obama que vaticina um declarado protecionismo econômico... A solução asiática frente uma queda na demanda internacional não poderá fugir do subsídio a suas empresas para manter suas operações em atividade.

Sunday, October 26, 2008

Relações entre estados

Territoriais
O movimento de bens e pessoas entre os países define como sua fronteira é constituída. Um exemplo é a fronteira entre Finlândia e URSS durante a Guerra Fria, que passou por forte regulação. Ou a formação de "estados-tampão" como o Uruguai entre Argentina e Brasil; Finlândia entre Otan e o Pacto de Varsóvia; Suíça etc.
Econômicas
Acordos comerciais internacionais podem ser importantes na medida em que recursos encontrados em alguns países sejam suficientes para o desenvolvimento de alianças internacionais. Exemplos não faltam: desde os depósitos de manganês no Transcáucaso sob poder soviético; manganês no Amapá e assédio americano; petróleo saudita e invasão do Iraque (objetivando reduzir a crescente influência waabita) etc.
Políticas
A influência política pode variar da mais direta, como a relação entre o império e suas colônias, áreas sob ocupação até as indiretas, como várias formas de influência ou barganha econômica. O domínio francês na Ásia e África (assim como o americano na Australásia) diferem, mas representam um continuum ao atual grau de influência francesa nas ex-colônias através de benefícios, subsídios, acordos e privilégios. Claro que isto não deixa de ocorrer sem uma "via de mão-dupla" com uma forte influência nas lideranças políticas locais e sua própria formação.
Estratégicas
Acordos de segurança não influenciam apenas os países signatários, mas a região circunvizinha, bem como outras mais distantes fisicamente. A unificação de vários principados alemães em 1871 encorajou a formação de várias alianças européias temerosas do crescimento de seu estado. Analogamente, a expansão da Otan no leste europeu parece estar levando a uma movimentação (e ascensão) do poder russo e novas negociações com a Europa Ocidental, particularmente, a França.
...
Adaptado de An Introduction to Political Geography: Space, Place and Politics
Por Martin Jones, Rhys Jones, Michael Woods, Mike Woods
Publicado por Routledge, 2004.